Os ataques desta sexta-feira atingiram múltiplos alvos no Irã, incluindo edifícios residenciais em Teerã, além de uma instalação crucial de enriquecimento nuclear no centro do país, segundo a agência de notícias AFP. O chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e o comandante do Estado-Maior das Forças Armadas, Mohammad Bagheri, morreram na operação israelense.
Em discurso à nação nesta sexta-feira, 13, o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, disse que a resposta de Teerã a ataques israelenses fará com que “Israel se arrependa de seu ato tolo”.
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Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Seyyed Abbas Araqchi, afirmou em carta às Nações Unidas que os ataques israelenses na noite de quinta foram uma “declaração de guerra”. O chanceler também pediu que o Conselho de Segurança das Nações Unidas “resolva imediatamente esta questão” e afirmou que a ação de Israel é uma “grave violação da soberania do Irã”.
Na manhã desta sexta, o Irã já havia lançado mais de 100 drones em direção a território israelense, após o ataque com mísseis contra Teerã matar ao menos três dos principais líderes militares do país.
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O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI, na sigla em inglês) afirmou nesta sexta: “O Irã lançou aproximadamente 100 drones em direção ao território israelense, que estamos trabalhando para interceptar.” As FDI também confirmaram que o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Iranianas, o Comandante do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) e o Comandante do Comando de Emergência do Irã foram assassinados.
Sirenes de alerta soaram no norte da Jordânia. O governo informou que o país interceptou vários drones iranianos em seu espaço aéreo.
Onda de ataques i2v
O ataque israelense à República Islâmica, que, segundo Tel Aviv, mirava instalações de enriquecimento nuclear, ocorreu poucos dias antes de autoridades americanas e iranianas participarem da sexta rodada de negociações sobre um acordo nuclear. Foi a maior investida contra a nação árabe desde a guerra Irã-Iraque na década de 1980.
A agência de notícias estatal iraniana Tasnim informou que houve uma nova onda de ataques israelenses nesta sexta-feira contra um aeroporto militar na cidade de Tabriz, no noroeste do país. Ao mesmo tempo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez seus primeiros comentários sobre o episódio em uma publicação nas redes sociais, instando o Irã a chegar a um acordo com seu país “antes que seja tarde demais”.
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“Dei ao Irã a oportunidade de chegar a um acordo. Disse a eles, nos termos mais fortes: ‘Apenas façam isso’. Mas não importa o quanto tentassem e o quão perto chegassem, simplesmente não conseguiram”, escreveu Trump.
Ele acrescentou: “Agora todos estão mortos e a situação só vai piorar, mas ainda há tempo para impedir esse massacre — antes dos próximos ataques, que devem ser ainda mais brutais. O Irã precisa chegar a um acordo. Apenas façam isso, antes que seja tarde demais. Deus abençoe a todos!”
Já foram realizadas cinco rodadas de discussões entre o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, e o enviado do presidente Donald Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, sobre o acordo nuclear. Não houve, contudo, qualquer avanço concreto. O Irã se recusa atender à demanda americana de que abandone o enriquecimento de urânio, possível matéria-prima para bombas nucleares, e envie para o exterior todo o seu estoque existente.
Teerã também exige a remoção de todas as sanções dos EUA. Washington, por sua vez, propõe que as penalidades relacionadas à energia nuclear devem ser removidas em fases. Diversas instituições imprescindíveis para a economia iraniana, como seu banco central e a empresa nacional de petróleo, estão na mira americana desde 2018 por supostamente “apoiar o terrorismo ou a proliferação de armas”.
Desde que Trump retirou os EUA do acordo nuclear de 2015, assinado durante o governo de Barack Obama e que limitava o enriquecimento de urânio em troca do alívio das sanções econômicas, o governo iraniano ou a acumular material em níveis próximos aos necessários para a produção de armas nucleares. O Irã alega que seu programa tem fins exclusivamente energéticos, mas países ocidentais desconfiam que esteja tentando desenvolver uma bomba atômica.
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As notícias sobre os ataques fizeram os preços do petróleo dispararem 13% antes de reduzirem os ganhos, com o petróleo Brent, referência global, ultraando US$ 78 o barril em determinado momento.
Em declaração nesta sexta, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, descreveu a operação como “muito bem-sucedida”, dizendo que o “alto comando, cientistas seniores que promovem o desenvolvimento de armas nucleares e instalações nucleares” foram atingidas. Ele também deixou claro que seu continuará a atacar o Irã “até que a ameaça seja removida” e alertou que a população israelense pode ter que ar “períodos muito mais longos em bunkers do que estávamos acostumados até agora”.
Todos os olhares estão agora voltados para os próximos os do Irã e dos Estados Unidos, particularmente para o envolvimento de Washington neste conflito. O Departamento de Estado americano declarou que não esteve envolvido nos ataques de Israel, que o chefe da pasta, Marco Rubio, classificou como unilateral. Ele também instou o Irã a não atacar zonas de interesse ou funcionários americanos na região.
Teerã, porém, não vê dessa forma. O Ministério das Relações Exteriores do Irã alertou que responsabilizará Washington pelas consequências das ações de Israel.